24 Heures du Mans: Matra a confirmação - 1973
Revista Motor
nº 13 - 15 de junho de 1973
24 Heures du Mans Matra: a confirmação
Jornalista: Luc Augier
Fotos de José Teixeira
O arranque do mundial de sport-protótipos
de 1973 foi atípico.
Ao contrário de anos anteriores, nas
rondas americanas da resistência, 24 Horas de Daytona e 12 Horas de Sebring,
das quais só a primeira prova contava para o Campeonato do Mundo de
Construtores, foi o Porsche Brumos Carrera RSR de Peter Gregg e Hurley
Haywood (acompanhados na segunda prova por Dave Helmick), o vencedor. Esta
última prova apenas contava para o Troféu Triplo da Resistência composto pelas
duas provas de resistência americanas e pelas 24 horas de Le Mans.
Só a partir de Março de 1973, nas 6 Horas
de Vallelunga, as equipas e marcas europeias candidatas ao título nos carros de
sport, Ferrari, Matra, Mirage e Porsche começaram a alinhar regularmente
nas provas do campeonato. Em jogo estava o prestígio, pois qualquer delas
apresentava-se com palmarés e tradição no campeonato. A Ferrari desejava
repetir o domínio demonstrado em 1972 quando os ágeis 312 P tinham dominado as
provas do mundial, à exceção das 24 Horas de Le Mans, onde não haviam alinhado.
A Matra, vencedora finalmente, em 1972, da prova francesa, procurava confirmar
essa vitória e demonstrar que o seu modelo, o 670 B, além de resistente era tão
rápido como os Ferrari, dominadores das provas mais curtas. A Mirage,
representante da experiência e saber acumulado da equipa de John Wyer, cuja
primeira vitória em Le Mans acontecera em 1959 com o Aston Martin DBR1 de
Carroll Shelby e Roy Salvadori, procurava reeditar a gesta épica dos GT 40 e as
façanhas inesquecíveis dos anos de 1968 e 1969. Finalmente a Porsche surgia
como outsider, apenas candidato de segunda linha ao título,
dado que o Carrera RSR da Martini Racing só em condições especiais de
traçado, como no Targa Florio, tinha possibilidades reais de vitória.
Às duas vitórias da Matra em Vallelunga e
Dijon, a Ferrari respondeu com duas vitórias também em Monza e no Nurburgring,
intercaladas pelas surpresas que foram a vitória da Porsche na Sicilia e do
Mirage-Gulf em Spa, corrida marcada por golpes de teatro mas também pela
prestação vitoriosa, na classe de protótipos de 2 litros, do Lola BIP dos
portugueses Carlos Santos e Santos Mendonça que concluíram a prova no 6º lugar
da geral, logo atrás do "super" Porsche Carrera RSR de Gijs Van
Lennep e Herbert Muller.
Chegava-se, então, à prova de Le Mans no
dia 9 e 10 de junho de 1973. O mundo ocidental gozava ingenuamente os últimos
meses de prosperidade antes da guerra de Yom Kippur e
dos duros efeitos da primeira crise petrolífera, que
ditaria o fim dos trinta gloriosos anos de crescimento da economia
mundial. As tropas americanas retiravam aliviadas das terras da Indochina,
divididas entre o ímpeto irresistível dos exércitos norte vietnamitas, animados
pelos acordos de Paris, e a desfavorável opinião pública interna norte
americana.
Disputou-se a prova Mancelle, nos dias 9 e 10 de junho desse ano, corrida
que era para mim, sem dúvida, na época, a mais esperada do ano,
aquela que me faria ficar acordado durante a noite, à espreita dos curtos flashes da Rádio Renascença, que de hora a
hora iam informando os mais fanáticos adeptos sobre o andamento da prova, já
que, na altura, a RTP, era imprevisível e inesperada nas suas opções de
programação do desporto automóvel.
O artigo que aqui se reproduz, é como se
diz mais acima, a transcrição da reportagem publicada na 6ª feira seguinte, dia
15 de junho, no número 13 da revista Motor, reportagem conduzida por Luc Augier
e com fotografias de José Teixeira, a páginas 24 a 37 da revista, numa das
peças de jornalismo mais interessantes que até hoje consegui ler em publicações
nacionais.
Porque é um relato jornalístico de grande
interesse para todos os amantes das corridas de resistência e revela um
envolvimento profundo, de quem escreve com o objeto da sua escrita, considero
que não é justo manter escondido e inanimado o relato desta interessante
corrida. Revela-se assim aos amantes do automobilismo de competição esta
interessante narrativa que merece fazer parte do património do jornalismo e da
literatura desportiva nacional, mesmo que escrita, na época, por um jornalista
francês.
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